domingo, 13 de julho de 2008

Se Sou o Patrão, Me Demito

De dois em dois anos, somos obrigados a ouvir aquela frase irritante das propagandas eleitorais do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)/TRE (Tribunal Regional Eleitoral), dizendo: “Você é o patrão!”. E, por causa disso, resolvi me demitir como eleitor, não votando mais em nenhum candidato, anulando todos, já que o meu voto só é válido para eleger um político, e não para demiti-lo, quando me representar mal em seu cargo. Pois, é bom que fique registrado, que votos em branco ou nulos não contam ponto pra nenhuma legenda, apenas os válidos. E, também que, não há como saberem em quem você votou ou não. Pode ficar super tranqüilo quanto a isso! mas é isso que o povo não consegue entender.

Em todas as eleições é a mesma coisa: aquele monte de políticos em seu blá blá blá, sendo mais utópicos que o próprio eleitor, que sonha em um dia acabar com a corrupção e com a banda podre do poder. É um tal de aparecer obras daqui, outras dali, que não dá pra entender. Na verdade, até dá, o problema é que muita gente não pensa sequer o porquê de tantas obras somente em período eleitoral. O motivo é que se eles fizerem qualquer tipo de obra/projeto nos anos anteriores às eleições, poderão não ter sucesso para uma possível reeleição, pois o brasileiro é muito esquecido e só lembra do cara pelos seus últimos feitos, então, se deixa chegar às últimas, para fazer obras emergências, por exemplo, quando na verdade, poderiam estar corrigindo os buracos nas ruas/estradas nos seus outros anos de gestão. Mas pra quê?

Você, eleitor, coloca um indivíduo no poder, porque falou bonito ou este o promete mundos e fundos, quando no final, só vai te deixar o fundo, o fundo do poço para o cidadão (sem generalizar, mas quase o fazendo).

Em 2006, trabalhei como mesário reserva nas eleições a presidente, governador, senador e deputado federal. Foi um horror: no primeiro turno, não precisei ficar, apenas no segundo, pois um dos mesários tinha chegado cinco minutos atrasado do horário inicial de votação, e dentre os reservas, me escolheram, alegando que no primeiro turno eu não havia trabalhado. Pode uma coisa dessas, marcaram o meu rosto! O que tinha de gente que não sabia sequer em quem votar, nos perguntando em quem deveriam dar o seu voto, não dá pra contar, mas infelizmente, não pude dizer nada, pois estava a serviço do TRE, e por isso, fui imparcial, dizendo simplesmente um “não sei, o sr(a) é quem sabe”, mas com uma vontade de dizer: “anula p...”, mas não podia fazer isto. Tinha gente votando em qualquer um, só porque achava que era obrigado a votar em alguém. Só que você não é obrigado a votar em alguém, porém aparecer lá na sua seção eleitoral, assinar aquele caderninho ou colocar o dedinho e digitar alguma coisa naquela maquininha. Nada mais.

Muita gente acha que, por estar votando, está cumprindo o seu dever de cidadão, no entanto, existem outros deveres que o mesmo esquece, como preservar o lugar onde vivem e fazer-se respeitar como eleitor, mas aqui é uma bagunça, já que a maioria dos eleitores não tem estudo suficiente, sequer conhecem seus direitos!

Já pensei seriamente ingressar no mundo da política, pois eu seria uma exceção, já que estou dando andamento ao Ensino Superior (coisa que a maioria dos candidatos sequer têm). Digo que na política, teria todos os privilégios. Tanto é que quem entra não quer sair mais desse mundo. Um determinado indivíduo entra, mal apresenta algum projeto concreto, aumenta o próprio salário na hora que bem entende, sem consulta popular pra saber se nós cidadãos estamos ou não de acordo com isso, além de todas aquelas regalias como décimo terceiro e quarto salários, dinheiro pra isso e pra aquilo, e por aí vai. O engraçado é que, pra dar um aumentozinho ao trabalhador é um “uma coisa”, pois sempre alegam não ter caixa suficiente para isso. Mas como tem pra eles? É isso que ninguém entende! Outro dia, conversando na rua com uma senhora, que se dizia ser funcionária pública, a mesma me disse que participava de greves, exigindo melhores salários e benefícios, porque os políticos aumentavam os próprios salários em percentuais absurdos, enquanto que ela e outros, como funcionários públicos ralavam pra caramba em suas funções, e só conseguiam um aumento irrisório.

Outro fator positivo, para quem já vai com má intenção, é o benefício que o político tem ao exercer seu mandato, pois sua imunidade parlamentar o protege de muitas coisas, a começar de si próprio. Exemplo: um determinado político é acusado de estar envolvido com algum tipo de corrupção, envolvendo o dinheiro público. Ele não pode ser investigado ou processado pela polícia comum. Cria-se logo uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), a qual várias vezes, anda que nem caranguejo, pois não chega a lugar nenhum, e se chega, não há como condenar tal indivíduo, por não haver provas suficientes, ou se as têm, o mesmo renuncia ao cargo, para continuar a deter dos privilégios de se candidatar novamente em uma próxima eleição. E, o pior é que ganha, mesmo com tudo o que fora noticiado pela mídia!

Um golpe de marketing político bastante interessante é o fato de vários se filiarem a algum tipo de associação/grupo, para assim deterem votos de determinadas classes, como por exemplo, a de um time de futebol ou de uma igreja. Nada contra quem se ingressa a algum grupo, mas tudo isso já está mais do que denotado, não havendo necessidade de conotar o óbvio.

Antigamente, se via mais as realizações de pequenos desejos em troca de votos, como uma cesta básica ou material de construção para o barraquinho, mas com as proibições da justiça eleitoral, no intuito de tentar conduzir eleições limpas, em todos os sentidos, tem de se prometer mais e falar melhor.

Tem uma coisa que eu gosto muito, embora, muitas pessoas condenem: a baixaria política, pois somente através dos programas eleitorais, mas principalmente dos debates na mídia, que descobrimos certos podres do candidato, - os quais não sabíamos ou tínhamos esquecido, mas que o outro, que já fora colega de trabalho ou aliado político, que também participava de tais atos, mas que agora é seu adversário político, - nos faz o favor de contar.

Não se pode fixar cartazes em locais públicos e também, distribuir panfletos dos candidatos próximo aos locais de votação, mas não é isso que eu vejo, não somente como cidadão, mas como futuro repórter. Só faltam distribuí-los dentro das salas.

Bom, não dá mais pra ficar lendo, até porque enjoa, mas e você, o que tem feito como patrão/patroa?


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Diego Francisco
mundodimais@gmail.com