sexta-feira, 7 de março de 2008

Filas da Vida

Você já se perguntou, alguma vez, o porquê de termos de enfrentar tantas filas? É fila para isso, para aquilo, e por aí vai, e por mais que você tente fugir delas, sempre encontra uma nova fila e quando percebe, a fila já mede quilômetros, ou melhor, anos-luz de onde você está até o caixa/atendente.

Até para nascer há fila, pois desde o momento em que seu pai, “brincando” com a sua mãe, lhe põe para fora, você tem que seguir um caminho aparentemente curto, mas que dá trabalho, pois se você não chegar ao sol (óvulo) primeiro, provavelmente algum outro irmão-inimigo ocuparia o lugar que por direito é seu.

Enfim, você chega ao sol, e lá toma de conta do terreno, como quem invade uma terra. Aí, aquela trabalheira toda. É fila para consultar um médico, para saber como você está. Fila para te tirar dessa redoma, e por aí vai...

Você cresce e passa a deixar de ser acompanhante para tomar o seu lugar na fila, uma qualquer aí da vida. É fila para fazer a matrícula na escola, para entrar na sala de aula, fila na padaria para pagar o pão que você tenha comprado, entre outras mais.

É fila no supermercado, que inventou aquele “caixa rápido”, mas que no fundo demora mais do que se você tivesse enfrentado o caixa daquela gente com os carrinhos lotados. O pior de tudo é que esse tipo de caixa para poucos volumes, geralmente, só tem um atendente. Quando você ainda não tenha que disputar com um idoso, gestante e/ou deficiente um lugar na fila, ou uma simples chance de pagar pelo que está levando, porque já está com a barriga roncando de fome, ou tenha deixado a máquina de lavar em uso, ou simplesmente, deixado o feijão no fogo ou um filho dormindo.

Você vai ao banco, é aquele tormento: propagandas milionárias, tentando te iludir de que é um banco perfeito mas que funciona com dois a cinco caixas (como se isso bastasse para atender centenas de pessoas em dias de pagamento).

Como se as leis que tratam do tempo da fila adiantassem alguma coisa! Não tem fiscalização! O que você esperava? Às vezes, vem aquele funcionário para dar um papel para que você entregue ao caixa, para controlar o tempo na fila. Por que o papel não é entregue ao último da fila, mas sim, a alguém que está lá no meio? Outra coisa revoltante são aquelas cadeirinhas “me engana que eu gosto”, que na verdade é para fazer você esquecer o tempo da fila, batendo papo com um monte de velhinhos (coitados), mais para lá do que para cá.

Você vai a um hospital qualquer marcar uma consulta, é aquilo!: Uma fila interminável, uma atendente que te olha com desprezo, um monte de gente já pedindo para ser enterrada, que te dá uma “coisa” e você fica logo com vontade de ir embora, e fora o fato de chegar cedo para pegar “senha” para ser atendido. Você tem que madrugar lá. A droga da consulta está marcada para as 8h, o médico só começa atender às 9h/10h. Assim, não dá!

Se isso fosse tudo estaria ótimo, mas não é, e parece não ter fim. Para ir trabalhar é uma fila horrorosa, para entrar naquelas “latas de sardinha” (ônibus, metrô e trem). Nos veículos complementares, aquela coisa: você vai apertado. O cara quer botar mais gente do que a capacidade permitida e ainda tem o fato de colocarem, diversas vezes, aquele ridículo banquinho de plástico para que possa viajar mais um, e por aí vai.

Acho que você está compreendendo aonde quero chegar, pois do jeito que está, não dá! Para casar, você tem que enfrentar fila para marcar o dia e a hora do casamento. Só não tem fila para a morte, mas talvez tenha para entrar no inferno. No Céu, provavelmente não tem fila, mas quem é que vai para lá hoje em dia?

Você quer ir a um show, fila! Para almoçar num desses restaurantes self-service, mais filas (tanto para pôr a comida quanto para pagá-la). No entanto, não podemos nos esquecer daquelas filas que não se vêem, como por exemplo, quando você pega o seu bendito telefone para solicitar e/ou reclamar de algum serviço de telefonia, TV a cabo, cartão de crédito, bancos, lojas virtuais, entre outros, e fica ouvindo aquela “musiquinha lexotan”, para conduzir a suportar o tempo de espera, que nunca é de apenas um minuto e meio, e por aí vai...

Em dia de eleições, não tem igual: Você precisa comparecer a alguma seção eleitoral, porque é obrigado, enfrenta uma “fila do cão”, pega um monte de gente que não sabe sequer, assinar o nome, atrasando mais ainda (não estou criticando o fato de as pessoas não terem estudo, apenas ao sistema que não facilita para essas pessoas), idosos, muitos, que não têm mais a obrigação de votar, mas acham que por votar, estarão exercendo a cidadania, ou se não for por isso, querem provar para si mesmos que ainda existem. Ainda tem aquelas mães que carregam umas crianças maiores que elas, só para passarem na frente dos outros na fila, já que a lei favorece a elas, ou simplesmente, facilita ao erro. E, por aí vai..., o “nosso Brasil”, com as suas incontáveis filas.

Depois de tudo o que você enfrentou, pôde se dar conta, de que a vida está cheia de filas, e provavelmente terá de ocupar o seu lugar nela por bem ou por mal, mas terá de fazê-lo. Espero que você não tenha enfrentado fila, para ler este artigo. Até mais, em algum outro texto ou quem sabe em alguma dessas filas em que a vida nos põe.
DIego Francisco

Um comentário:

  1. Muito bom seu texto, Diego...
    Parabéns!!!

    Sou uma das milhares de pessoas que tem que pegar uma "fila do cão", que tem que sentar na cadeirinha "me engana que eu gosto", e com Fé em Deus tem que pegar uma "Sardinha em lata" pra trabalhar. Acho que até na hora da minha morte irei pegar fila pra ser enterrada... kkk
    Me identifiquei muito com o seu texto...Rs!
    Até onde iremos parar com tanta fila???

    Parabéns pelo texto!
    Abraços!

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