sábado, 19 de abril de 2008

Doutor Qualquer Coisa

Se há uma palavra que realmente eu acho engraçada é essa: “doutor”. O Aurélio me traz as seguintes definições para esta palavra tão simples: “sm. 1. O que se formou numa universidade e recebeu a mais alta graduação desta após haver defendido tese. 2. O que se diplomou numa universidade. 3. Médico.” Já com Luft eu tenho o seguinte: “adj. e sm. 1. Indivíduo formado em faculdade e que defendeu teste. 2.(p. ext.) Bacharel, espec. em medicina ou direito. 3. (pop.) Indivíduo muito entendido no assunto.” Até aí eu entendi, não tenho nenhum problema quanto às definições dadas por estes dois ilustres dicionários, porém o meu questionamento é outro.

Até onde eu sei, doutor, ou simplesmente “Dr.” é o tratamento que damos a um médico ou um advogado, mas também é o termo em que usamos para classificar alguém que fez o doutorado em uma faculdade, e não simplesmente qualquer coisinha que tenha um 3° grau e já se acha muito por isso, pois se fosse assim, qualquer universitário seria doutor. Mas bem, essa não é a lógica. Pois, o que eu acho mais engraçado, para não dizer absurdo, é o modo como essa palavra “doutor” tem diferentes significados ou conotações.

Existem pessoas que fazem questão de serem chamadas por doutor, não sei se é por se acharem mais que os demais (tudo bem, se realmente tiver o título, deve ser respeitado como tal, mas tudo é a maneira como se pede isso aos demais). É muito comum isso no funcionalismo público, quando várias pessoas (sem generalizar) fazem uma questão enorme em serem chamadas como tal, não sei ainda a verdadeira razão disso. Quem trabalha em call center sabe muito bem do que estou falando: de vez em quando liga uns clientes metidos, e quando o atendente se refere aos mesmos como senhor ou senhora, o assinante, já com um tom mais de imposição se intitula como doutor fulano ou beltrano. Como é o que o atendente vai saber se o indivíduo é ou não um doutor? Aliás, ninguém nasce com esse título. Isso se conquista durante a vida. Sinceramente, gostaria de saber se essas grandes empresas tem alguma parte em seu cadastro, no qual possam colocar tais observações, como por exemplo “cliente fresco: o mesmo deseja ser chamado como doutor.”

É lógico que o indivíduo merece ser chamado como tal, no entanto, os outros não são obrigados a saber, se não são seus clientes ou pacientes. Pra dizer a verdade, o ser humano é senhor (Sr.) ou senhora (Sra.), e isso ninguém pode tirar esse tratamento. Às vezes fico pensando se determinados indivíduos foram pobres demais na infância e hoje querem provar a si próprios que conseguiram ser algo e sair da merda na qual viviam. O fato de não ser chamado por doutor não é nenhum desrespeito, apenas falta de consciência de algumas pessoas.

Só que infelizmente, essa palavra não é mais utilizada apenas para pessoas que chegaram a um estágio supremo do terceiro grau, mas para qualquer um que possa estar usando um terninho com uma gravata e um par de sapatos sociais. Vejo muito isso: pessoas chamando outras por doutor pelas roupas que usam, mas lamento dizer que roupa não compra diploma, e se fosse assim, todo crente seria um doutor, pois geralmente andam bem-vestidos como tal apresento neste parágrafo.

É fácil, você leitor entende aonde quero chegar, pois hoje em dia, qualquer coisa é doutor, basta ter um diploma de nível superior ou não ter cara de pobre, que logo será tratado desse modo.

Às vezes, o pessoal brinca comigo e me chama por Dr. Diego, então eu lhes digo que ainda está muito longe, até porque eu sei que para eu merecer tal título não basta ficar no bacharel, é preciso muito mais do que isso, e pra chegar lá não é fácil, todo mundo sabe disso. Mas, antes de ser chamado por Dr. Diego, preciso ser o Dr. Humildade, pois respeito se conquista ao longo de sua vida, e não é o fato de me chamarem ou não assim, que estarei sendo desqualificado como ser humano, pois um verdadeiro doutor não está nas roupas que usa ou no diploma que carrega, mas no que realmente sabe e representa profissionalmente e socialmente. E, você, já passou por alguma situação dessa, na qual era praticamente obrigado a chamar alguém por doutor?

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DIEGO FRANCISCO
mundodimais@gmail.com

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